UMA DOR QUE NÃO É PALPÁVEL.
Por Dasira Alves, Pedagoga e Editora colaboradora do Observatório da Várzea.
Uma dor que não é palpável.
Como se sente uma pessoa que tem ideação suicida?
Como lidar com o indivíduo nesse estado mental?
Como prevenir de fato que isso aconteça?
Com apenas esses questionamentos, percebemos a complexidade desse assunto e o quanto o suicídio é multifatorial.
A prevenção do suicídio começa quando deixamos de lado o tabu e falamos sobre o problema. Conversar sem julgamentos e acolher quem está em sofrimento, pode salvar vidas.
Para prevenir, é preciso conhecer o comportamento dessas pessoas. E só se conhece bem, quando ouvimos atentamente. Observar como o indivíduo reage em relação a um sofrimento psíquico. Perceber também que tem relação com o sofrimento social ou ambiental. É sobre tudo, entender como as pessoas que estão com o que chamamos de ideação suicida, vão se comportar em relação a estes pensamentos que incluem a morte voluntária.
Assim, quando falamos em prevenção, falamos de identificar estes sinais e de como dar a devida atenção à pessoa que está em sofrimento. É aquela frase: precisamos falar sobre. Mas “como” e quando” são dois pontos muito importantes para serem lembrados quando vamos fazer a prevenção. E, principalmente, pensar que existe uma campanha, o SETEMBRO AMARELO, mas que o suicídio é hoje uma causa de morte latente no mundo, e deve ser abordado durante o ano inteiro.
Além do mais, o que a gente mais teme é falar sobre isso. E a maioria das pessoas não vai se sentir à vontade para falar também. Procure conversar com quem manifesta os sinais. Não use falas do tipo “ah, mas você tem a vida boa, você é muito jovem, tão bonito, tem o futuro promissor, não entendo porque você é assim”. Isso não funciona para quem está com uma ideação muito forte. É uma ideia fixa, uma visão de túnel. Essa pessoa não tem outras perspectivas. Ela não vê outra saída. Então, tentar colocar outras formas de entender e ver a vida dela naquele momento, talvez seja completamente inútil.
E não é nem porque a pessoa não quer. Ao contrário disso, ela QUER. Ela faz um esforço enorme tentando se livrar desse pensamento/situação.
“Eu tento quebrar, mas quando chega a noite, quando não há ninguém, desmorona tudo. De manhã refaço tudo ou não, mas o final é o mesmo” (Trecho de um relato real). Ouça essa voz que pede socorro de várias maneiras… faça uma escuta cuidadosa. Diga que ela não está sozinha. No momento que a pessoa fala, talvez ela consiga entender e personificar o que está sentindo. Este conselho é para quem consegue falar. Mas a maioria das pessoas não consegue falar porque têm medo. É um tabu muito grande na sociedade.
Então, quando você dá atenção ao problema da pessoa, você mostra que ela não está sozinha. Isso é acolhimento: eu te escuto e eu dou importância ao que você está sentindo.
Portanto, se você passou ou passa por um grande sofrimento e resiste a ele, que bom! Mas, não é por isso que vamos banalizar o sofrimento de outras pessoas.
Que tal substituir a banalização pelo respeito? Respeite a diferença como o outro sente. Seja a mão estendida, não o dedo que aponta. Apenas se mostre amoroso e acolhedor. Você pode salvar vidas. Você pode ser a melhor pessoa da vida de alguém.
Estamos Observando…
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