A Igreja Arquidiocesana de Natal: Uma panorâmica da acolhida do novo pastor
Por. Pe. Clebison Faustino, fsa. Roma, primavera de 2023.
UMA VISÃO MACROSCÓPIA
Poder contemplar a vida e a missão da Igreja de Natal por um ponto de vista macroscópico favorece a elaboração de uma panorâmica atenta a detalhes e nuances que podem passar despercebidos por quem vive pessoalmente a experiência de fé, visto que o ser está envolvido por tantos outros aspectos que a visão microscópica, ou seja, de perto, pode privá-lo de uma visão mais ampla. Em outras palavras, poder observar de longe permite maior captação de informações, percepção de sentimentos e outros movimentos. Esta é a minha visão de observador, de crente, de clérigo, de alguém que estima tanto esse povo de Deus, que vive responsavelmente a fé católica “inculturada” neste território norte-rio-grandense.
O ESPÍRITO SANTO É DINÂMICO
É o Espírito Santo que move a Igreja, conduzindo-a por vias sempre novas, considerando o cominho já feito, porque o itinerário de salvação já fora tracejado pelo próprio Deus revelado em seu Filho, Jesus. Isto se dá através de muitos elementos que compõem a fé católica, como a tradição, o magistério e a hierarquia. Assim, é de extrema relevância “auscultar” as moções espirituais, ou seja, aplicar o ouvido da alma para inspecionar os ruídos e silêncios do tempo presente – o tempo da graça, do Kairós.
E O ESPÍRITO AGITA AS ÁGUAS DO ATLÂNTICO E DO POTENGI
A Arquidiocese de Natal, compreendida em mais de oitenta municípios, se mexe, se movimenta e se renova. Neste momento histórico, quis a providência divina renovar a condução desta Igreja com um novo pastor – um novo arcebispo metropolitano: Dom João Santos Cardoso.
A NOVIDADE DO ESPÍRITO E A ACOLHIDA DO POVO POTIGUAR A DOM JOÃO SANTOS
Esta novidade traz um reavivamento à Igreja de Natal, como mencionou o arcebispo emérito, Dom Jaime Viera Rocha, no seu discurso de acolhida ao novo metropolita. Isso ficou bem visível no espírito acolhedor e devoto do povo potiguar, manifestado através de um evento cívico-cultural, realizado no dia 06/10, no auditório da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, pautado na escuta de lideranças religiosas e civis, bem como em suas diversas expressões artísticas.
No evento supracitado, o poeta e escritor brasileiro Tállison Ferreira entregou a imagem da padroeira de Natal como símbolo da transmissão de um amor filial/maternal, de espírito dócil e acolhedor, confiando, portanto, à Mãe da Apresentação o novo pastor desta Igreja, porém com um movimento bivalente, isto é, confiando esta Mãe ao seu pastor. Esse gesto significativo traduz como o evento cultural conseguiu o seu objetivo: inserir D. João Santos na cultura local e o fazer beber da fonte musical e poética de grandes artistas do Rio Grande do Norte – Carlos Zens, Tállison Ferreira, Roberto Lima, Edmarcos Costa e Eugênio Lima, que também fazem história nas terras dos Santos Mártires, de Padre João Maria e da Beata Lindalva Justo de Oliveira.
EM UM OUTRO MOMENTO, EM UM OUTRO ESPAÇO, PORÉM NO MESMO CONTEXTO: RITO DE POSSE
No “Rito de Posse” do Arcebispo eleito pelo sumo pontífice, uma sucessão de protocolos e gestos consolidou e inaugurou o novo governo pastoral da Arquidiocese de Natal. Esse Rito se deu na celebração Eucarística, na catedral metropolitana, no dia da “Rainha do Santo Rosário” (07/10/2023), a Mãe da Apresentação.
Foi uma celebração rica em simbologia, regada a muita teologia e afeto, porém um gesto em particular chamou atenção: a transmissão do báculo, o cajado do Pastor.
Com muita emoção, considerando a presença dos outros dois arcebispos eméritos: Dom Heitor de A. Sales e Dom Matias P. de Macêdo, Dom Jaime convidando-os a tomarem juntos o báculo, transmitiu ao novo pastor o cuidado das suas ovelhas. Em seguida, o indicou à cátedra, “lugar de governo e ensino” reservado exclusivamente ao bispo diocesano, o qual Dom João tomou acento e foi ovacionado com muito entusiasmo por todos os presentes.
Esse gesto marcou a conclusão de uma “era eclesial” de singular importância para a história da Igreja particular de Natal: 70 anos ininterruptos de potiguares à frente desta Igreja. Concomitantemente, estabeleceu o início de um novo tempo para a evangelização neste território.
O POVO RECEBEU O SEU NOVO GUIA
Foi uma celebração de acolhida não só do povo que recebeu o seu novo guia, mas do arcebispo que acolheu esta nova grei, nas mais diversas faces. O evento concretizou esse sentimento através da saudação de iniciativa do arcebispo ao povo de Deus, que auspicava a sua benção; do cumprimento aos sacerdotes idosos presentes (Padre João Medeiros e Padre Campos); e da recepção às outras confissões cristãs e religiões de matriz africana que, cortesmente, foram saudá-lo.
E o Espírito Santo de Deus surpreende sempre!
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