27 Jul 2024 Ellipse ATUALIZADO 04:03

Publicado

31/12/2023

Atualizado

31/01/2024
Cultura

Apoiar ou não apoiar a cultura? Eis a questão

As questões artístico-culturais vão além do que imaginamos. A princípio, quando pensamos, a lógica é ter uma produção artística que possa gerar renda para aqueles que exploram suas potencialidades culturais, e assim recorrer menos ao poder público. No entanto, quando a administração pública não fomenta de forma adequada, a necessidade de recorrer aos gestores públicos aumenta. Esses gestores devem sim proporcionar, viabilizar e estruturar atividades artísticas, pois é um direito do cidadão previsto na Constituição de 1988.

Em Assú, também conhecida como Atenas Norte Rio Grandense, há uma seletividade de ações culturais, aquelas que interessam ao poder público e aquelas que não possuem tanta relevância para ele. Um exemplo disso é o ocorrido durante a pré-produção do VI recital da Escola Jota Filho Team. O evento já fazia parte do calendário de eventos do município de Assú, e assim como nos anos anteriores, o recital recebia apoio estrutural, como a disponibilização das instalações do Cine Teatro Pedro Amorim, entre outras provisões.

No ano de 2023, a secretaria municipal de cultura fez o que pôde diante de suas limitações, sem o Cine Teatro, cedeu o espaço do recém-reformado auditório da Casa de Cultura Popular para a realização dos ensaios objetivando o recital a ser apresentado na primeira metade do mês de dezembro. No entanto, sem um local adequado para a realização do evento, foi proposto que as apresentações fossem realizadas em praça pública, em frente ao Sobrado da Baronesa. Para isso, a Prefeitura do Assú se responsabilizou pela estrutura, que basicamente consistia em palco, som e luz.

Porém, na semana da realização do recital, a produção da Escola de música recebeu um comunicado que cancelava a viabilidade da estrutura do show. Sem ter outra alternativa, diante das possibilidades existentes, a produção da Jota Filho Team solicitou apoio a amigos, políticos e pais dos estudantes da escola para que os talentos de crianças, jovens e adultos pudessem ser mostrados à sociedade como resultado de um ano inteiro de aulas, ensaios e resultados. A justificativa vinda do poder público foi que ainda havia entraves remanescentes do período junino, o que deixou pais, alunos e professores apreensivos quanto à realização do recital. Isso demonstra uma inabilidade administrativa para lidar com tais questões, uma vez que todos os envolvidos no evento contavam com o apoio e tiveram que planejar um plano B devido à negativa.

Uma observação importante para embasar a seletividade mencionada no início do texto é o fato de os diretores da escola terem sido vencedores da última licitação de chamada pública para cantores e bandas realizada pela prefeitura, mas foram pouco acionados para eventos. Como consequência disso, o tributo a Núbia Lafayete não foi realizado no ano de 2023.

É necessário, portanto, pensarmos e entendermos como funciona o “apoio” à cultura em Assú. Não é pela parte da secretaria de cultura, que já foi mencionado aqui várias vezes, pois ela faz o que está ao seu alcance. A questão é: como o alto escalão da gestão trata a arte e a cultura? O que transparece é que, se o apoio ou a ação não trouxer uma contrapartida positiva para a imagem da gestão junto ao setor cultural, não deve ser levado em consideração.

Estamos observando…

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