27 Jul 2024 Ellipse ATUALIZADO 00:15

Publicado

04/03/2021

Atualizado

31/01/2024
Publicação

CAMALEÃO: ENTRE O PRAZER E O DEVER

Por José Guimarães, Licenciado em Filosofia pela Faculdade Vicentina (Curitiba), especialista em Pesquisa Acadêmica e Científica na Prática Docente, pela Faculdade Bagozzi (Curitiba) e Editor Chefe do Observatório da Várzea.

Há alguns dias, fomos surpreendidos com uma nota da A.S.S.U (Associação Sportiva Sociedade Unida), em que descrevia a agonia do time que não tem onde praticar os treinos para que pudesse disputar com dignidade o campeonato estadual, uma vez que os gramado do Edgarzão” não estaria liberado para treinos, obrigando o Camaleão a cumprir sua rotina nos gramados de Ipanguaçu.

Nesta semana (ontem, dia 03.03), mais uma nota foi lançada pela direção do clube, informando que as secretaria de esporte e de Finanças do município de Assú haviam comunicado que não fariam o repasse de R$50,00 (cinquenta mil reais), antes acordado com os dirigentes. Segundo a nota, o município alega que o dinheiro não será mais repassado em função da pandemia do novo coronavírus. Isso deixaria o clube em maus lençóis, levando-o a desistir do campeonato, de acordo com a direção.

Pois bem, estamos diante de um dilema: o dinheiro público deve servir ao prazer ou ao dever? Esta é uma pergunta que deve ser respondida de maneira diversa em momentos diversos. É claro que o Camaleão é uma paixão regional e, independente das gestões, sempre foi injetado dinheiro público para que houvesse bons resultados. Porém, é também sabido que, neste exato momento, a pandemia do coronavírus está ameaçando a segurança de todos e, num cenário a curto prazo, o município deve estar preparado para defender os mais fracos.

Sabemos que a gestão de um município, seja ele qual for, não enfrenta apenas o caos da saúde. É necessário um cuidado especial na área social que certamente enfrentará dias piores. Além do mais, não seria conveniente um esforço por parte da classe esportista a nível estadual, para que o campeonato dê uma pausa? É moralmente aceitável que recursos municipais sejam injetados no futebol, enquanto setores fragilizados agonizam? Não seria interessante fortalecer as torcidas organizadas para que as esmas sustentem o clube? Em meios aos decretos de isolamento social, não seria mais prudente aguardar uma estabilidade sanitária para poder atuar?

São todas perguntas que nos fazem refletir e que, em contextos diferentes, seriam fáceis de responder. Não quero tomar partido da gestão, nem muito menos incentivar o desapreço ao nosso Camaleão. Porém, se faz necessária uma reflexão em torno do assunto e conscientizar da realidade em que estamos vivendo com possibilidade de agravamento nas semanas que virão. Entre o prazer do futebol e o dever da saúde pública, deve-se sempre optar pelo que é mais urgente.

Estamos observando…

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