Donatila Fernandes da Costa: Perfil
Por Tállison Ferreira da Silva, Poeta, Filósofo, Escritor, Professor, Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Pesquisador no Grupo de Estudos da Complexidade Edgar Morin (GRECOM/UFRNNatal), Membro da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte (SPVA/RN) e Acadêmico da Academia Assuense de Letras (AAL).
A Norte-Rio-Grandense, natural da Serra de Martins, de estatura mediana, sempre muito elegante e bem vestida, não adepta de perfume extravagante, fincou raízes na cidade de Assu, desde 1965.
Na “Terra da Poesia”, Donatila Fernandes da Costa (1935-2023) tornou-se a Professora, a Catequista e a Ministra da Eucaristia. Ela soube muito bem conjugar fé e vida, bem como transitar nos mais diversos ambientes da sociedade assuense com diplomacia, honestidade e mansidão.
A prima do então Padre Militino Leite da Cunha, dedicou sua vida à Igreja Católica Apostólica Romana, na freguesia de São João Batista.
Ao lado de Padre Francisco Canindé dos Santos, o seu fidedigno amigo e mestre, ela foi responsável por erguer parte da Igreja-Povo e, consequentemente, colaborou na construção da Igreja-Prédio de inúmeras comunidades da paróquia do precursor de Jesus. Por esse exercício e missão, diga-se: ELA FOI A MISSIONÁRIA DO VALE DO AÇU.
Fez da sua vida uma oferenda entregue aos que tiveram a satisfação de tê-la como educadora ou diretora em diversos colégios onde atuou, especialmente, no extinto Instituto Padre Ibiapina – IPI. Catequizou uma população inteira. Mas também foi responsável por formar lideranças religiosas das mais de 50 comunidades pertencentes, à época, a uma só paróquia.
Distribuiu o Pão da Eucaristia a centena de fiéis católicos, da zona urbana à zona rural do Vale do Açu, levando esperança e conforto aos de espírito abatido.
Incansavelmente, dedicou-se à liturgia, tornando-a mais acessível para que a assembleia celebrante pudesse participar com mais entusiasmo do mistério de sua fé. Por isso, gostava de usar, adequadamente, os símbolos litúrgicos, figuras, quadros-vivos, cartazes temáticos e outros instrumentos, por exemplo, o teatro, com o objetivo de envolver o maior número de pessoas nas celebrações eucarísticas, por sinal, muito vivas.
Fervorosamente, não mediu esforços para tornar o novenário de São João, em especial a noite dedicada às crianças, um primor e participativa.
De domingo a domingo, disponível para servir à comunidade paroquial e eclesial, pois tinha, também, muito carinho e respeito pelos clérigos. Devota de Santa Teresinha do Menino Jesus, não cansou de rezar pelas vocações. Por essa razão, foi uma grande benfeitora e voluntária do Centro Vocacional (antigo seminário de Assu), na década de 1970-80.
Do pobre ao rico, do negro ao branco, do analfabeto ao alfabetizado, acolheu a todos sem distinção. Abria as mãos e doava, sem a necessidade de ser noticiada. Nesse sentido, viveu a verdadeira caridade, afinal, que não saiba a tua mão esquerda, o que faz a tua direita (MT 6,1-18). Por alguns, incompreendida; por outros, admirada. Na sua humanidade, limitada e frágil, sempre esteve tatuado o desejo de quando morresse fosse lembrada como alguém que promoveu a paz, alguém que errou tentando acertar.
Quando questionada sobre tirar férias, imediatamente respondia: “se eu entrar de férias, quem vai ficar para organizar a liturgia (a missa)?”.
Discretamente viveu, discretamente desencarnou. Mas o seu legado para sempre será lembrado, sobretudo, por aqueles que lutam na preservação da memória e da história dos que ajudaram na construção de um mundo melhor.
Natal/RN, 27 de janeiro de 2023
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