FOLCLORE X CULTURA POPULAR
Por Alex Teodoro, Tec. em Agroecologia pelo IFRN / Ipanguaçu, Licenciado em Letras Estrangeiras pela UERN / Açu, mestrado em andamento na área de análise do discurso pela UERN / Mossoró e Editor- colaborador do Observatório da Várzea.
O dia internacional do folclore é comemorado no dia 22 de agosto. Isso porque o termo “folclore” foi derivado da palavra “folkore” (inglês) no ano de 1846. O autor desta palavra é o escritor britânico William John Thoms, que combinou “folk” (povo, popular) com lore (cultura, saber) para definir o fenômeno cultural único da cultura popular tradicional de cada país. Segundo seu criador, a expressão significa “o saber tradicional do povo”.
Sendo o folclore um dos componentes da cultura popular, marcado por festas, danças, ritmos, jogos, lendas, artesanatos, pinturas e crenças tradicionais. Por meio da literatura e da arte folclórica, entendemos a atuação da cultura popular que representa a identidade social de um povo.
Assim, os costumes populares podem ser incorporados coletivamente ou individualmente e reproduzem os costumes e tradições de um povo que foram transmitidos de geração em geração. Dessa maneira, todas as partes da cultura popular enraizadas nas tradições do povo fazem parte do folclore.
No Brasil, por decreto federal, o Dia do folclore foi designado como dia oficial em 1965. Por isso, essa formalização se deve à extensa pesquisa do país sobre cultura popular desde o século XIX. Entre os estudiosos do assunto, destacam-se figuras como Mário de Andrade e Luiz Câmara Cascudo.
Para tanto, em 1951, foi realizado o primeiro Congresso Brasileiro de Folclore, no qual foi elaborada a “Carta do Folclore Brasileiro”, a qual foi (e ainda é) essencial para o desenvolvimento das pesquisas da cultura popular brasileira. O conteúdo desta carta inclui tanto o reconhecimento do estudo folclórico quanto a definição especial de pesquisa privada, conforme mostrado abaixo:
“[O documento] … reconhece o estudo do Folclore como integrante das ciências antropológicas e culturais, condena o preconceito de só considerar como folclórico o fato espiritual e aconselha o estudo da vida popular em toda sua plenitude, quer no aspecto material, quer no aspecto espiritual”.
“Constituem o fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular e pela imitação e que não sejam diretamente influenciadas pelos círculos eruditos e instituições que se dedicam ou à renovação e conservação do patrimônio científico e artístico humanos ou à fixação de uma orientação religiosa e filosófica.”
“São também reconhecidas como idôneas as observações levadas a efeito sobre a realidade folclórica, sem o fundamento tradicional, bastando que sejam respeitadas as características de fato de aceitação coletiva, anônima ou não, e essencialmente popular”.
Desse modo, o objetivo da criação do Dia do Folclore é garantir a preservação dos acervos que compõem o folclore brasileiro e estimular as pesquisas na região. Atualmente, o folclore brasileiro é um importante objeto de pesquisa na área de ciências humanas, cuja importância muitas vezes é reforçada nas escolas, principalmente nas escolas que realizam o trabalho da educação infantil.
Nesse contexto, encontramos na região do nordeste a cultura popular que está diretamente relacionada às crenças, manifestações culturais, tradições e oralidade. Dessa maneira, podemos afirmar que a cultura popular é:
O conjunto de conhecimentos e práticas vivenciadas pelo povo, embora possam ser vividos e instrumentalizados pelas elites. Pense-se no candomblé, no carnaval, na feijoada, nos usos folclóricos, no jogo do bicho e na capoeira. (…) Cultura popular simplesmente [é] o que é espontâneo, livre de cânones e de leis, tais como danças, crenças, ditos tradicionais. (…) Tudo que acontece no país por tradição e que merece ser mantido e preservado imutável. (…) Tudo que é saber do povo, de produção anônima ou coletiva. (VANNUCCHI, 1999, p. 98).
Além disso, encontramos na região nordeste aspectos da cultura popular fortemente influenciado pelos nossos antepassados: religião e crença (romarias, magia, superstição, tabu, oradores, benzedeiras, crenças); na culinária (tapioca, cuscuz, carne de sol, queijo de coalho, mandioca, cabrito guisado, buchada, farinha, rapadura, macaxeira e batata); nos hábitos (dormir na rede, sentar-se na calçada, varrer a frente da casa, etc.); Nas brincadeiras, pular corda, peteca, amarelinha, esconde-esconde, elástico, sete pecados, tica-tica e anel. Na oralidade, mitos, lendas, histórias, poesia, cordéis e literatura. Em suma, as pessoas podem ver a existência significativa da cultura popular em nossa área.
Dentre os vários aspectos que compõem o universo da cultura popular em nossa Várzea açuense destacamos entre nós:
Festas populares
As festas são extremamente representativas na várzea por expressarem as tradições do povo como: São João, festa de padroeiro (a), vaquejada de e tantos outros momentos, representativos da nossa Várzea. Essas festas não são apenas espaços de comemorações, mas também podem estabelecer diferenças e percepções dos outros, conseguindo assim o reaparecimento da memória simbólica, pois podem estabelecer uma conexão com o passado, reconstruindo um sentido de comunidade que pertence a um grupo, mostrando esta ligação básica entre memória, identidade e resistência cultural.
Artesanato
O artesanato é um dos destaques da cultura da Várzea. Esse instrumento assume as mais variadas formas: fios (renda, bordados, chita, retalhos, crochê, redes, couro (chapéus, cintos, sandálias, bolsas), barro (esculturas, arte decorativos), além de objetos de madeira, metais (ferro e flandres), fibras, pedra, estopa, palha). Nos dias atuais, o artesanato passou a ser consumido como item de decoração, em ambientes de várias classes sociais na Várzea.
Brinquedos e brincadeiras
Os brinquedos e brincadeiras populares, que caracteriza a cultura popular na Várzea, não têm origem conhecida. Na Várzea açuense, esses brinquedos e brincadeiras tiveram influência de todos os elementos étnicos formadores da nossa sociedade (índios, negros e portugueses). Quem nunca brincou de pião, amarelinha, cabra cega, bolinha de gude, cantigas de roda (atirei um pau no gato, ciranda-cirandinha), boneca de pano, pipa (papagaio), peteca e etc. Dessa maneira, os brinquedos e brincadeiras possuem identidade cultural, são próprios de classes sociais específicas e regiões.
Portanto, a realidade das comunidades varzeana, ou de grupos sociais que fazem parte da cultura popular na região, podem está passando por transformações cotidianamente, e essas alterações são invitáveis. Por fim, com o desenvolvimento da tecnologia, as culturas estão sendo adaptadas ou estão desaparecendo nos últimos séculos. Hoje, a cultura se modificou através da televisão e do poder privado de criar novos hábitos culturais, ajustando o calendário das festas populares ao calendário turístico do Vale do Açu, como: A Festa de São João. Pois, a cultura popular não é apenas culturalmente presente, mas politicamente presente em tudo.
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