22 Dec 2024 Ellipse ATUALIZADO 03:05

Publicado

31/01/2024

Atualizado

07/02/2024
Publicação

Janeiro Branco e a vulnerabilidade da saúde mental em Assú

Por Iara Oliveira. Graduada em Psicologia, Palestrante e Editora Colaboradora do Observatório da Várzea

O ano é 2020. Todos recebem a notícia de que um vírus está circulando entre os humanos e poderia trazer grandes riscos à saúde, o que foi confirmado com as primeiras internações de pessoas em estado grave e mortes por todo o mundo. Isolamento, pânico, dúvidas sobre o futuro e ninguém, absolutamente ninguém sairia ileso.

A partir de então, a demanda em saúde mental cresceu significativamente e o acesso aos serviços, que já não eram fáceis, tornou-se quase impossível. Mesmo já sendo uma questão antiga, após esse evento mundial, a saúde mental da população brasileira passou a ser mais discutida. Crianças e adolescentes com crises de ansiedade, adultos depressivos precisando ser afastados do trabalho, famílias em sofrimento e, apesar disso, apenas em 2023 a campanha do Janeiro Branco, que existe desde 2014, foi instituída pelo vice-presidente da República, tornando-se lei para que a temática defendida pela campanha fosse trabalhada em âmbito nacional.

O Janeiro Branco tem como propósito promover e incentivar os cuidados em saúde mental, bem como conscientizar sobre a importância de atuarmos na prevenção dos adoecimentos psiquiátricos, dependências químicas e o suicídio. No que se trata de saúde mental no município de Assú, a cidade conta com um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) classificação I, de acordo com a sua população que, segundo o último censo do IBGE, tem aproximadamente 57 mil habitantes. Contudo, o CAPS não é suficiente para atender as necessidades dos que procuram o serviço. Mesmo contando com uma quantidade maior de profissionais da psiquiatria do que a de anos atrás, ainda existe um tempo de espera até o paciente conseguir atendimento. Tratando-se de serviços em psicologia, a demora pelo atendimento passa a ser de, pelo menos, 3 anos.

Para uma melhora significativa, é necessário um tratamento combinado e que hoje poucas pessoas têm acesso. Não adiantam as campanhas de janeiro ou setembro, quando nos outros meses não há assistência e disseminação de informações e de conhecimento. Saúde mental vai além de uma campanha, trata-se de acesso à saúde, condições dignas, qualidade de escuta, profissionais qualificados que também devem ser respeitados desde seu ambiente de trabalho até o salário que recebem.

Saúde mental não se faz com quantidade, mas com qualidade. A maior questão disso tudo é: existe alguém olhando para isso? Quais são as soluções para problemas tão crônicos? Quantas pessoas mais precisarão morrer? Quantos jovens precisarão expor seus sofrimentos para serem ouvidos? Quem está pensando nas políticas públicas que podem suprir essa necessidade? Há uma outra forma disso ser pensado? E agora? Quem poderá nos defender?

A verdade é que é necessário aceitarmos que a mente é quem nos comanda e quando as coisas não vão bem na nossa cabeça, não vão bem em lugar nenhum. É imperativo construir uma intervenção imediata e que funcione! Como dizer às pessoas que procurem ajuda se não há quem as ajude? Estamos de mãos atadas!

Estamos observando!

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