Por Dayse Moura, Licenciada em Letras (Português), Especializada em Linguística textual e ensino, Mestranda em Ciências da linguagem e editora-colaboradora do Observatório da Várzea.

Cuidar da casa, dos filhos, da família, de idosos e de pessoas com deficiência é um trabalho predominantemente feito por mulheres. Esse tema foi abordado na prova de redação do Enem aplicada ontem (05) em todo o Brasil e exigia do candidato a proposição de medidas para enfrentar a invisibilidade dessa tarefa laboral que, na maioria das vezes, não é reconhecida nem bem remunerada.

O gênero textual solicitado pelo exame é o texto dissertativo-argumentativo. Por isso, é necessário que o candidato apresente a defesa de uma tese embasada em argumentos e relacionada a outras áreas do conhecimento, como literatura, filosofia, sociologia e artes.

Alguns livros poderiam ser citados como repertório sociocultural: “O segundo sexo” (Simone de Beauvoir), que trata sobre como são negados às mulheres os espaços de poder e as oportunidades de ascensão social; “Calibã e a bruxa” (Silvia Federici), que relembra como as mulheres que tinham sabedoria para usar ervas no cuidado de doenças eram taxadas de bruxas e queimadas na fogueira pela igreja; e “Minha vida passada a limpo” (Veronica Oliveira), um livro de memórias reais de uma ex-faxineira que se submetia a humilhações e à má remuneração porque precisava sustentar sua família.

Por fim, o texto deveria apresentar uma proposta de intervenção para amenizar o problema. Com essa temática, o Enem provocou a reflexão sobre essa pauta urgente da sociedade, com a qual o governo Lula sinaliza estar preocupado: basta lembrar da Lei n° 1.085/2023, sancionada em junho, que prevê a igualdade salarial entre homens e mulheres.

Estamos observando…