Reflexões sobre o suicídio
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Psicólogo clínico, especialista em TCC, Mestrando em saúde pública e editor-colaborador do observatório da várzea.
Alerta de Gatilho: Essa leitura pode gerar sensações desconfortáveis para quem tem sensibilidade ao tema que talvez seja melhor evitar.
Hoje, o tema é delicado, mas precisamos falar sobre. A proposta aqui é sair do lugar comum, imediato, do pensamento incontestável, pois saúde mental não combina com o óbvio e com superficialidade, equilíbrio não diz sobre evitar problemas.
O mundo em que vivemos nos joga o tempo todo para pensamentos óbvios, simples e diretos, para que as pessoas não se comprometam de fato em aprofundar reflexões.
Mas e esse papo de suicídio? O que tem a ver com isso de superficialidade?
Hoje, discute-se uma epidemia de suicídio, mas esse discurso esconde um fato muito maior e complicada. A individualidade do problema não está na pessoa, mas no mundo em que vivemos.
Um mundo que exige das pessoas à exaustão, que não apresenta alternativas de acolhimento, que só propõe uma compreensão de responsabilização sobre o sofrimento individual, jamais compreendendo a dimensão coletiva da dor: esse é o convite para o sofrimento, a responsabilidade solitária.
Esse mundo não oferece sentido, porque o sentido se forma no compartilhamento, no encontro.
Outro tabu, só para polemizarmos ainda mais, é que nem sempre suicídio tem a ver com sofrimento. Sim, é possível decidir não viver mais simplesmente como decisão, e não como sintoma
Então, a partir desses apontamentos, cabe discutirmos como podemos criar possibilidades de acolhimento (nem de julgamento, nem de cerceamento, muito menos de submissão) necessariamente coletivas e gentis para todos nós. Abrir espaço para olhares diferentes é o início dessa jornada de construção coletiva, sobretudo da saúde mental.
Estamos observando.
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