27 Jul 2024 Ellipse ATUALIZADO 01:03

Publicado

11/08/2020

Atualizado

31/01/2024
Publicação

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NA PANDEMIA

Por Tállison Ferreira, Graduado em Filosofia e Editor Colaborador do Observatório da Várzea

O parecer do Conselho Nacional de Educação, CNE, em maio de 2020, passou a orientar a realização de aulas e atividades pedagógicas presenciais. Mas, de acordo com o próprio parecer, não podemos silenciar algumas questões, no contexto de Brasil: “Quantos alunos da educação básica estão tendo acesso às atividades não presenciais? Quantos têm acesso à Internet e dispõem de computador ou celular para acompanhar atividades online? Quantas escolas e redes de ensino têm condições efetivas de oferecer atividades não presenciais aos estudantes? Quantas famílias têm condições de apoiar as atividades escolares dos seus filhos? Como as escolas poderão enfrentar os desafios das aprendizagens no retorno às aulas? Quais medidas devem ser tomadas para evitar o aumento da repetência e do abandono escolar?” Essas são questões, por demais pertinentes, sobretudo, em tempo de pandemia e isolamento social.

No Brasil, o sistema de educação pública, precarizado, acabou se arrebentando com a parada das atividades pedagógicas presenciais, por causa da COVID-19. Assombrosamente, centenas de crianças, adolescentes e jovens, já abandoaram a escola, principalmente por não terem condições favoráveis ao ensino, a começar pela alimentação, falta de equipamentos tecnológicos para acompanharem as aulas remotas entre outros empecilhos. Isso contribui mais ainda para a evasão escolar e aumento no percentual, que no ano passado atingiu a marca dos 15% dos adolescentes entre 15 e 17 anos que estavam fora da escola.

Há por parte das autoridades civis, uma preocupação para que o ensino seja ofertado; no entanto, não temos como correr atrás de um prejuízo que atravessa o tempo, porque como sabemos, no Brasil, a educação nunca foi valorizada. Como disse o Dermeval Saviani em entrevista a Nova Escola:

Disponível:. Acesso em 04 de agosto de 2020.

No parecer da CNE, o diagnóstico da educação básica no contexto da pandemia no Brasil, segundo dados do censo escolar 2019 (INEP/MEC), aponta para uma ampla e vasta comunidade de alunos espalhados pelo país, um quantitativo bastante expressivo.

Disponível em:. Acesso em 04 de agosto de 2020.

Temos uma comunidade estudantil brasileira bastante numerosa. Porém, muitos ainda estão fora das escolas, e cerca 11,3 milhões são analfabetos. Com a pandemia estima-se que esse número aumente, como dito anteriormente, porque milhares de estudantes não tem condições básicas para prosseguirem com o ensino remoto.

De acordo com a pesquisa da UNDIME:

Disponível em:. Acesso em 04 de agosto de 2020.

Embora muitos consigam acompanhar as aulas no formato remoto, outra grande maioria não. A falta de infraestrutura e o sucateamento do sistema de ensino público do país, nesse sentido, acaba, também, no contexto da pandemia, colaborando com o déficit de aprendizagem. Quanto mais tempo os estudantes socialmente vulneráveis estiverem fora da escola, maior será o retrocesso nas aprendizagens. Se os educadores e educandos são importantes, cabe o Estado Brasileiro, por meio dos órgãos competentes, valorizar e preocupar-se com políticas públicas de melhoramento da Educação e do ensino público no país, ou pelo menos faça valer a Constituição Federal, CF 1988, conforme disposição do artigo 205:“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família.” Ensino de qualidade, com condições que garantam o bem-estar de alunos e professores.

Já que no Brasil, em decorrência da pandemia, as máscaras terminaram de cair, revelando a verdadeira face do estado em que se encontra a educação, a saúde, a política partidária e a economia, resta agora fazermos reflexões mais profundas para começarmos a mudar o mundo que aí está, mas o mundo muda, quando nós mudamos. Cumprir com os nossos deveres e cobrar direitos, pautados na Constituição Federal de 1988, é missão de cada cidadão brasileiro que desde a colonização deste país luta por paz, liberdade e condições dignas de sobrevivência.

Estamos observando…

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