27 Jul 2024 Ellipse ATUALIZADO 01:04

Publicado

13/07/2020

Atualizado

31/01/2024
Publicação

ALMA NÃO TEM COR: BASTA DE RACISMO

Por Tállison Ferreira, Graduado em Filosofia e Editor Colaborador do Observatório da Várzea

A nossa Casa comum, acolhe um só povo. Não existe raça humana. Somos todos seres humanos, moradores e hóspedes do planeta Terra que nos abriga. Apesar dessa conclusão, o preconceito estabelecido em relação a cor, ao credo e a pluralidade de ideias continua pulsante.

O racismo implica divisão de grupo de pessoas por raça, o que de fato não se aplica aos seres humanos, porque quem se divide por raça é gato, cachorro, periquito, papagaio etc.; no entanto o racismo no Brasil configurar-se por mais de três séculos, em um contexto marcado pela escravidão e exploração do forte sobre o mais fraco-cativo, por uma lógica de senhor (dono) e escravo (mercadoria); quase por uma questão de sobrevivência equivocada, que menospreza e assassina não somente povos negros e indígenas, mas também, toda uma cultura, tradição e religiosidade.

Mesmo depois da abolição da escravatura no Brasil, em 13 de maio de 1888, o sistema opressor, continuou a considerar o negro como “não-gente”, dizia-se até que o negro era um sujeito sem alma. Durou cerca de 60 anos para o país começar uma política de integração da população negra, de modo a garantir direitos como saúde, segurança e educação e políticas públicas de subsistência, o que ainda é precário.

O número de negros assassinados no país é cerca de 132% maior do que o de brancos. Em maio, foi a vez de João Pedro Matos Pinto de 14 anos, seu sonho era ser advogado, mas durante ação policial no Complexo do Salgueiro em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o seu sonho assassinado. Também em maio de 2020, o mundo repercutia a morte de George Floyd, morto por policiais brancos, nos EUA. E são tantos, os negros e negras que sucumbem ao trago do preconceito, principalmente porque muita gente acredita que alma tem cor, para elas não importa a vida, o caráter, mas a pele.

Sem falar que, segundo a ONU e o Ministério Público do Trabalho,

(Disponível em:< https://www.cartacapital.com.br/sociedade/seis-estatisticas-que-mostram-o-abismo-racial-no-brasil/>. Acesso em 11 de julho de 2020).

A escravidão no Brasil persiste, e negros ainda precisarão lutar muito para verem vigorar o mínimo de igualdade social no mundo e no Brasil. Bem dissera Joaquim Nabuco, escritor e político abolicionista (1849-1910):

(Disponível em:. Acesso em 11 de julho de 2020).

Em outras palavras, a luta não para, porque mesmo que se fale em democracia e avanços, centenas e milhares de pessoas estão sem emprego, não tem ondem morar, nem o que comer. Milhares morrem de fome por ano, em todo o planeta. Jovens negros são assassinados a cada 23 minutos. A democracia, segue ultrajada pelo dragão da mentira em uma sociedade por demais capitalista e imediatista, onde o negro, os “favelados”, os indígenas e pobres cada vez mais ficam à mercê de uma política desumana.

Ao ouvirmos falar em democracia, no contexto do “racismo”, lembramos do sociólogo brasileiro Florestan Fernandes (1920-1995): “A democracia só será uma realidade quando houver, de fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação”. O fato é que, a nação brasileira é constituída por mais de 50% de negros. Nascemos do sangue e do suor dos irmãos negros, queiramos ou não aceitar, essa é uma verdade a qual devemos respeitar, pois vidas negras importam, e alma não tem cor.

A palavra de ordem é: vidas negras importam! Chega de racismo. Essa palavra de ordem é flecha que desponta em novos protestos pelo mundo a fora, por causa da banalização da vida negra.

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