Carta: De Froide Varzeano para Mauquiavel do Pataxó (capítulo 2)
Caro Mauquiavel, saudações varzeanas!
Como prometido anteriormente, para não cansar os leitores, venho continuar esta significativa escrita (sei que você está ansioso) e, desde já, gostaria que sua porta voz não fizesse considerações precipitadas. Em sua resposta, há um pouco de nervosismo e falsa segurança nas mentiras que escreve, como o faz todo achocoso que, na sua psicose, pensa que consegue manipular quem está à sua volta.
Não! Não se trata de amor político. Nem muito menos de vingança. Trata-se de consciência de classe, somada à sorte de ter bons mestres que me guiaram à sóbria luz da razão e, numa espécie de anamnese, fui compreendendo a condição de vítima histórica na qual me encaixo, juntamente com todos os que estão à margem do seu grupo oligárquico.
Sua mente é extremamente limitada e prefere se dirigir a um jovem de 22 anos, que mal conhecia a geografia do RN, como se fosse possível falar de igual para igual. É estratégico exigir um direito de alguém que mal sabe que o tem. Como poderia, naquela época, ter acesso ao único meio de comunicação eficaz do município? Não havia espaço para pessoas como eu naquela época e você sabe!
Foi pensando na injusta posição em que nos encontramos que, de maneira orgânica e genuína, surgiu o Observatório da Várzea, como espaço de fala, onde não é preciso ter poder aquisitivo ou fazer parte de família tradicional para ter voz e lugar. Graças a Deus, seus tentáculos não conseguem manipular, destruir ou mesmo atrapalhar o bom andamento do nosso coletivo, embora sejam tantas as tentativas de nos calar. Desta forma, não nos deixamos seduzir, como diria o verdadeiro Maquiavel, “voluntariamente ou por ignorância, pelo brilho enganososo dos que nerecem desprezo”, pois somos parte de um grupo que escolheu estudar.
Quanto ao seu pedido para que eu “tenha vergonha”, é justamente esse sentimento que me move. Tenho vergonha de ver uma cidade com tantos potenciais ser atrasada por pessoas como você que, ao longo de anos pensa apenas em uma coisa: manter sua família no poder. Tenho vergonha de ver a desfaçatez do seu projeto político chegando ao extremo, obedecendo à máxima do verdadeiro Maquiavel de que “os fins justificam os meios”, escancarando o desejo de perpetuação no poder, sem nenhum escrúpulo.
Para finalizar este capítulo, gostaria de lembrar que, a cada resposta sua, você está assinando o recibo do medo e do desespero. Cada vez que vejo os grandes aliados seus me atacando ou usando mensageiros, confirma-se a tese de que há um destempero no seu grupo político. Não me culpe por tudo isso estar acontecendo, culpe-se a si mesmo. Sua incapacidade de ler o desejo popular está cada vez mais evidente. Talvez por isso você se dê melhor com as cabras do Pataxó.
Estou observando…
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