Esta semana fomos surpreendidos por duas notícias que, em outros tempos, poderiam nos alegrar e motivar durante 06 meses seguidos: a Paróquia de São João Batista já fez pré-lançamento da Festa Religiosa – com tema e tudo. Enquanto o prefeito, numa coletiva de imprensa, fala em realizar a parte cultural da festa. Sim! É o anúncio do “São João Mais Antigo do Mundo” se aproximando.

Que isso gere frenesi numa população cansada de decretos e ansiosa por se esbaldar nos festejos, é compreensível. Porém, o que me espanta é ver autoridades, civis e eclesiais, falarem em Festa Junina – já em janeiro – em pleno auge da pandemia, diante de um horizonte incerto em que a crise sanitária, somada às irresponsabilidades de outras autoridades regionais e nacionais, nos fez enfrentar. É um salto no escuro, arriscado mesmo sem que seja concretizado, como querem os chefes do povo.

Neste exato momento, esses mesmos líderes deveriam estar unindo forças para reforçar as preocupações com distanciamento social, campanha de vacina, campanhas de ajuda às muitas das famílias assuenses que, sem o chamado “auxílio emergencial”, entrarão no mapa da fome e sequer terão o luxo de pensar em festa junina, pois estão alheios aos privilégios da classe média que sustenta ambas as dimensões da festa do nosso padroeiro.

Ironicamente, pensar em festa neste momento contradiz e muito o pensamento de um Santo Profeta que recusou se alinhar à imoralidade do seu tempo, sendo decapitado, com sua cabeça servida, numa festa, para promover o bem-estar da elite dominante. Pensar em festa neste momento é “requentar” a cabeça de São João Batista e servi-la novamente, pois jamais o Precursor se alinharia, neste contexto, à imoralidade de uma elite que, alheia ao sofrimento do povo, incentiva e promove comportamentos irresponsáveis.

Estamos observando…