Furacão e calor em Assú
Por Ayslann Tôdayochy, Mestre em Manejo de Solo e Água (UFERSA), Engenheiro Agrícola e Ambiental (UFERSA), Bacharel em Ciências e Tecnologia (UFERSA), Estudante de Engenharia de Produção (UFERSA) e Editor Colaborador do Observatório da Várzea.
É de salutar quando as obras públicas chegam para beneficiar a população, não é mesmo? Quem não gostaria de ter sua rua pavimentada? Quando há a pavimentação de uma rua, a mesma traz inúmeros benefícios, como a redução da poeira, melhora a saúde, contribui para uma melhor mobilidade, traz comodidade, dignidade, segurança, melhora o aspecto urbano da cidade, dentre outros.
Entretanto, quando essas obras vão acontecer de fato, é necessário que tenham sido realizados estudos detalhados, abrangendo várias áreas, elencando, inclusive, os aspectos negativos que aquela obra pode trazer.
Pois bem, em Assú, o meio ambiente – ou pelo menos a pasta – parece que está mal das pernas e tem feito vista grossa para o que vem acontecendo na cidade. Apática, a secretaria tem deixado com que diversas árvores venham ao chão. Muitas e muitas árvores têm sido derrubadas ou tem sofrido uma poda drástica (quando cortada mais de 30% do volume da copa) e tem deixado árvores “nuas”, só o tronco, fazendo mais parecer que um tipo de furação passou pela cidade. Esse tipo de poda pode se configurar como crime ambiental, pois infringe o art. 49 da Lei 9.605/98, que cita que “Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia”. É necessário que um profissional (agrônomo ou engenheiro ambiental/florestal) realize uma avaliação e emita um laudo antes da derrubada ou poda da árvore. Na Rua Monsenhor Júlio, por exemplo, havia vários pés de Fícus com mais de 50 anos que simplesmente foram arrancados; Na praça Ernesto da Fonseca (rabo da gata) no parquinho infantil há dezenas de troncos de árvores mortas, isso mostra que essa prática tem sido recorrente em diversas bairros e ruas do município, sobretudo aquelas que estão recebendo o parelelepípedo.
Com a retirada das árvores, o calor parece estar ainda mais insuportável e o vento mais quente, quando bate no rosto, parece fazer como se estivéssemos numa sauna… Uma cidade como Assu, a criação de um projeto de arborização é muito importante e urgente, pois ajuda a criar um ambiente mais agradável, diminui a temperatura e o ruído, melhora a qualidade do ar, traz sombra, porém não se vê um só projeto nesse sentido, não há uma compensação pelas árvores derrubadas ou um trabalho plantio de mudas nos canteiros criados após a pavimentação, ou ainda um trabalho de educação ambiental com a população, junto às escolas, nada! Na cidade dos poetas, o barulho dos pássaros tem sido substituído pelo da motosserra; a brisa em uma sombra de uma mangueira pelo calor escaldante de 40º; a fruta doce do pé pela escassez.
Por fim, é importante lembrar que o objetivo desse texto não é criticar os benefícios que estão chegando à população, mas sim a maneira como as podas e a derrubada das árvores estão acontecendo, pois não pode continuar dessa forma.
Afinal, todo mundo quer uma sombra, mas poucos estão dispostos a plantar uma árvore.
Estamos observando…
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